sexta-feira, 28 de setembro de 2007
A princesa é bruxa
Cada dia que passa descubro como meus paradigmas estão ultrapassadas, que as minhas posturas diante de diversos assuntos são vazias e preconceituosas. Não me relaciono com pessoas mais novas porque acho que nenhuma saberá dialogar comigo, ou seja, me acho superior. Critico todo mundo que não se veste, fala ou pensa como eu, sou uma invejosa. Todos me vêem como uma desequilibrada porque solto as minhas emoções, porém nunca fui capaz de fazer meus sonhos virarem realidade, como dizer “eu te amo” para quem me apaixonei. Tento sempre convencer os outros de que estou certa, mesmo quando nem eu tenho certeza, sou uma insegura e mal amada. Não tenho fundamentos para criticar e quando o faço é sempre uma adrenalina à espera da aprovação geral. Quando não concordam comigo é como se meu ego fosse ferido e eu perdesse mais uma chance para aparecer no quadro “Arquivo Confidencial” do Faustão. Sou uma aspirante à Fátima Bernardes com uma ínfima capacidade crítica, de raciocínio e real inteligência. Para ter chegado aonde eu cheguei ou foi por causa de Deus, de mainha (meu anjo), de sorte ou de “embromation”. Nem português eu sei direito, tenho dúvidas absurdas.Não quero deixar ninguém depressivo com os meus relatos, mas aproveito a dose de tristeza, solidão e muita glicose para esbravejar tudo o que estou sentindo. Não agüento mais ficar posando de menina inteligente, estudiosa, boa filha, boa pessoa, sendo que sou uma pessoa mesquinha, egocêntrica e que nasci para fazer fofoca e ter inveja dos outros. Não roubarei, nem atirarei em todos na minha faculdade, como fizeram alunos perturbados em Columbine. Só estou tentando, mais uma vez e sem criatividade alguma, escrever uma crônica para apresentar e ganhar uma nota (de preferência para passar e se for alta, melhor ainda, para eu poder esfregar na cara dos meus colegas, pois eu sou altamente narcisista). Quantas milhares de pessoas já não escreveram uma crônica falando sobre o processo de construí-la? Eu sou mais uma, nunca o destaque ou o diferencial. Como é que eu quero ser destaque de alguma coisa que preste se nem eu mesmo confio e tenho esperança em mim?Tenho pena é de minha mãe, coitada, espera tanto de mim, mas se me ver trabalhando na Globo é para varrer o chão e recolher os cafezinhos. Não tenho mais nenhuma imaginação e preciso finalizar as duas páginas, mas o pior é que ainda estou no começo da segunda. Já me arrasei. O que ainda falta fazer? Para acabar com tudo, estou na internet, no orkut e youtube, assistindo a vídeos altamente românticos e dramáticos para ver se eles me inspiram ou se algum “amiguinho espiritual” “baixa” e eu psicografo algo sensacional para que a professora, que também não me engole e me acha uma folha de caderno rabiscada, mostre a todos como tenho uma vida promissora. Sonho meu. O máximo que ela pode fazer é chamar a direção da faculdade, mainha e um psicólogo, pois uma pessoa como eu não é normal. Quem ler isso vai achar que é uma carta de suicídio, mas não passa de uma crônica sobre as reflexões que venho fazendo sobre a minha vida. Uma história tão frágil e sem grandes feitos, tanto que assim que eu morrer ninguém vai se lembrar de quem eu fui. Já são 20 anos e até agora não fiz nada em benefício dos outros, só o “venha a nós” e nada “ao Vosso Reino”. Que Deus tenha piedade dessa pobre criatura! Agora vou fazer minhas sobrancelhas, me arrumar um pouquinho, assistir a novela mexicana do SBT para ver se, fechando os olhos, consigo o que tanto quero. Depois vou rezar para Deus realizar meus pedidos e vou dormir, pois são tantas solicitações que acabo cochilando e não dá para orar pelas outras pessoas, fico muito cansada. Como ainda preciso estudar algumas coisas, vou esperar para ver se consigo ler algo, pois a leitura é algo insuportável para mim. Agora, como pode uma criatura como eu se expressar corretamente e ser uma excelente jornalista? Infelizmente, eu fiquei assim.
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